Friday, June 03, 2005

Devaneio

E se originalidade não é aquilo que me falta mas tão só o direito de a expressar?

Dizem que tudo o que se perde algum dia volta ao seu lugar... Como se tivesse sido minha uma noite que fosse!

Quando olho para trás só vejo o que não foi iluminado porque quando se acende a luz o encanto desaparece.

Queria tanto o abandono que me esqueci de te perguntar se ainda te lembras do que fui...
Garanto-te que cá estarei quando decidires teu rumo. Cá estarei já sem a esperança do reencontro.
Porque foi que me perdeste de vista? A mim e ao que te prendia à vida...
Será que já não sabes quem fomos em tempos mal passados mas bem vividos

Não será a loucura um passo directo para abismos e enredos com os quais eu sempre soube lidar melhor que com a lucidez?
Como eu desejo abraçar esta imensidão de rotundas e cruzamentos que é a minha sucessão permanente de estados físicos e mentais.
As leis de um espírito selvagem nunca poderão ser mais que prometidas. Porque a sua natureza assim o dita.

E se eu algum dia partisse à descoberta das trevas que se escondem em teu manto? Será que poderias então chamar-me intemporal? Poderias ver-me no espelho de tuas lágrimas sem deixar teus olhos vermelhos de dor?
Talvez então descobrisses o que significa para mim uma vida em tons de cinzel, apagada como se, enviesada, não se deslumbrasse. Como se a fé não bastasse...

E se a verdade batesse à minha porta e eu me recusasse a deixá-la entrar?

Explica-me tais preâmbulos que não entendo. Pois se a ciência não é uma arte, o que seria do belo sem o racional?

Há coisas que se arrastam com um simples sopro, quanto mais um vendaval! Sabe-se lá o que por aqui já passou!
Para sempre tua, em lado nenhum... Anónima como vento!